quinta-feira, 7 de julho de 2011

Jornalismo Científico e os erros bisonhos

Um dos mais importantes aspectos da ciência é a sua divulgação para o público. Não há sentido em produzir conhecimento e mantê-lo restrito à academia, faz-se necessário revertê-lo à sociedade, tanto na forma de aplicações práticas quanto na de divulgação. As pessoas precisam conhecer as coisas que são descobertas a cada instante, precisam despertar em si mesmas o fascínio que a ciência provoca. Contudo, todos sabemos que jornalistas possuem conhecimento bastante limitado sobre ciência e tecnologia, sendo comum lermos notas, chamadas e matérias inteiras totalmente absurdas. Isso é triste por vários motivos, talvez principalmente por educar a população de forma equivocada, fazendo com que tenham ideias erradas sobre diversos pontos.

Navegando em alguns sítios de notícia hoje, me deparei com duas chamadas na área de ciência que me chamaram a atenção, a primeira com os seguintes dizeres: “Estudo diz que répteis podem ser espertos. Largartosconseguiu (estava escrito assim junto mesmo) resolver problemas.”. Fiquei pensando, primeiro no que que o camarada que escreveu isso considera como “esperto”. Depois fiquei imaginando um professor ensinando:

Uma das características dos répteis é sua falta de esperteza…”

A impressão que se tem lendo essa chamada é que se achava que répteis são seres incapazes de resolver problemas, quando sabe-se muito bem que a história é um pouco diferente. Se não pudesse resolver problemas do cotidiano, um lagarto, uma serpente, ou qualquer outro réptil estaria fadado a extinção, e tudo isso requer sim inteligência. Eu nem mesmo irei entrar no mérito de aves serem répteis e isso ser esquecido na matéria do contrário eu estaria sendo muito exigente com o rapaz que a escreveu (ou moça, que ninguém me acuse de sexismo).

A segunda chamada me causou um misto de riso e de tristeza: “Mandíbula não extinguiu peixes invertebrados. Evolução da espécie intriga cientistas.” Na hora tive que rir. O problema nem é tanto esse, mas imaginei como uma mandíbula poderia extinguir espécies. A não ser que seja o antigo inimigo do He-Man, 1 mandibula não vejo como é possível. Mas o triste é ler “peixes invertebrados”, o que seriam tais seres? Ostracodermes, que são os animais aos quais a matéria se refere, de fato não possuiam mandíbula, contudo tinham vértebras. Os únicos seres invertebrados que poderiam ser confundidos com peixes são as feiticeiras, ou peixes-bruxa, que ironicamente são seres atuais, não estão extintos.

hagfish

Pensando bem, o Mandíbula nunca poderia derrotar a Feiticeira mesmo…

KODAK UNGO 2

links para as notícias:

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/07/estudo-afirma-que-inteligencia-de-repteis-pode-nao-ser-tao-limitada.html

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/07/estudo-de-mandibula-de-peixes-traz-nova-visao-sobre-extincao-de-grupo.html

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sexta Rock #29. Rock’n’roll tupiniquim "#1. Raul Seixas

Inicio aqui uma série de postagens sobre o rock’n’roll brasileiro. Porém, ao invés de me ater a bandas, quero falar sobre pessoas, artistas que contribuíram para a popularização e desenvolvimento desse gênero musical em terras brasileiras. Quem foram as pessoas que fizeram as melhores canções e melhores albuns? Quais continuam ativas ou não? Tudo isso analizado sob a minha óptica doentia e distorcida.

O primeiro da lista não poderia ser outra pessoa senão o grande Raul Seixas. Alguns podem torcer o nariz (mimimi e a Jovem Guarda, o rock brasileiro não começou lá?). Não podemos desmerecer o valor da música da Jovem Guarda (apesar de ser em grande parte cópia releituras de músicas estrangeiras), tanto que eu até fiz uma postagem sobre a época. Contudo, Raul não é chamado de Pai do Rock Brasileiro por acaso. Foi ele um dos primeiros a trabalhar com o gênero de forma original, inclusive inserindo elementos próprios da nossa herança musical.

Raul Santos Seixas nasceu em Salvador, dia 28 de junho do ano de 1945. Estudante medíocre, possuia grande interesse por música (em especial ao crescente cenário do rock que ia surgindo) por livros e por filosofia, Trabalhava muito bem com as palavas, não apenas na composição musical, mas também criando histórias. Depois de fracassar em seus primeiros passos como músico, Raulzito passou a trabalhar como produtor musical, chegando inclusive a produzir grandes artistas da época. Suas canções foram gravadas por artista de sucesso, como Jerry Adriani.

Seu primeiro albúm de sucesso seria Krig-ha Bandolo! de 1973, que dentre outras canções, trazia Ouro de Tolo e Metamorfose Ambulante. No decorrer de uma carreira de mais de 26 anos, Raul emplacou diversos álbuns e canções clássicas, como o disco Gita de 1974 que vendeu 600000 cópias e cultivou diversas parcerias de sucesso com outros músicos e pseudoescritores escritores, como Marcelo Nova e Paulo Coelho.

No dia 21 de agosto de 1989, Raul Seixas morreu em virtude de uma pancreatite aguda, causada tanto pelo seu alcoolismo quanto pela diabetes. Deixou como legado uma grande produção musical, um rock com a cara do Brasil, não simplesmente uma cópia do que se ouve lá fora. Ainda hoje vemos e ouvimos discos lançados dele, tanto inéditos como coletâneas.

Diversas homenagens a Raulzito já foram feitas, porém, para um músico, não existe homenagem melhor do que aquele “toca Raul” que podemos ouvir em qualquer bar desse país.

OBS: Se você tem menos de quinze anos e é fã de Restart saia do meu blog, preste muita atenção, vai ouvir o que é rock de verdade.

1. Maluco Beleza (Raul Seixas/Claudio Roberto)

Canção que provavelmente mais remete a Raul Seixas e seu estilo próprio. Provavelmente a maioria das pessoas pensam nessa música quando pensam em Raulzito. Foi originalmente gravada no album “O Dia em que a Terra Parou”

2. Mosca na Sopa (Raul Seixas)

Misturando elementos e instrumentos típicos brasileiros, Raul conseguiu criar uma música com sonoridade ímpar. Lançada no album Krig-ha Bandolo! é uma de suas canções mais conhecidas.

3. Tente Outra Vez (Raul Seixas/Paulo Coelho/Marcelo Motta)

Outra música emblemática do Raul. Uma grande ode a perseverança. Canção curta, mas que sempre é lembrada.

4. Medo da Chuva (Raul Seixas/Paulo Coelho)

Talvez essa não seja uma canção tão conhecida, mas é uma das minhas prevferidas. Lançada no album Gita, o mais vendido da carreira de Raul, tem uma letra que faz a gente pensar.

5. Pastor João e a Igreja Invisível (Raul Seixas/Marcelo Nova)

Pastor João e a Igreja Invisível é uma música que (como muitas do Raul) é atual ainda hoje. Em tempos que a religião é fonte de enriquecimento para alguns e empobrecimento e alienação para a maioria, Marcelo Nova e Raulzito imortalizam o cenário em uma canção.

Por ´hoje é só primatas

Que o satélite lhe seja leve!