Todos se recordam na última histeria epidemia de gripe A (carinhosamente conhecida por gripe suína), que paralisou vários serviços públicos em especial aqui em Curitiba. As estimativas da mortalidade dessa doença variam bastante, de país para país e de acordo com a quantidade de pessoas infectadas que são consideradas. Contudo, as estimativas mais infladas não costumam passar de 1%, o que quer dizer que a cada cem pessoas infectadas uma morre em virtude da enfermidade. É uma cifra considerável? Talvez, mas a meu ver não justificava a histeria que víamos aqui, ainda mais quando lembramos que a mortalidade no Brasil ficou na casa do 0,015% (a mortalidade da gripe sazonal beira os 0,1%).
O que dizer então de uma moléstia que infectou 565 pessoas e ceifou a vida de 331 delas? Para quem não se recorda esses foram os números que a chamada gripe aviária colecionou em 2003. Mas por que motivo eu estou dizendo tudo isso? Sábado, o Portal Terra vinculou uma notícia na qual comentava que a ONU temia que um novo surto dessa doença ocorresse. Segundo a notícia, a área na qual existem casos dessa gripe estaria aumentando na Ásia, deixando o pessoal da FAO “com a pulga atrás da orelha.
Tanto gripe suína quanto gripe aviária são causadas por cepas do vírus influenza, H1N1 e H5N1, respectivamente. Contudo, existem diferenças importantes entre as duas enfermidades, a começar pela letalidade, sensivelmente maior na variedade transmitida pelos dinossauros alados. Além disso, a forma de contágio também difere. O principal fator que impediu que a gripe aviária se disseminasse e nos fizesse o favor de exterminar grande parte da humanidade foi que o vírus não se transmite entre macacos, apenas de ave para primata. Por esse motivo, um Homo sapiens infectado poderia espirrar sobre qualquer um e não o infectaria.
Em teoria, um porco (por exemplo) poderia se infectar pela cepa aviária da doença e por uma cepa humana, ao mesmo tempo. Dentro do artiodáctilo, as duas cepas poderiam ter seus RNA recombinados. Desta forma a habilidade que cepas sazonais tem de serem transmitidas entre humanos poderia ser incorporada no genoma da cepa aviária. Esse era o principal temor quando a gripe aviária estourou em 2006, e teoricamente isso ainda é possível, uma vez que a cepa ainda está por aí.
De qualquer forma, fica a dica, se é pra se desesperar por causa de uma gripe, que seja por causa de uma que mata quase 60% dos infectados.