quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tópicos essenciais em Biologia #1 – Evolução #1

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Qualquer um que temerariamente se embrenha na Biologia logo percebe que estudar a vida é muito diferente daquilo que se aprende no Ensino Médio. A Biologia, como nos é apresentada nessa etapa da educação formal, aparenta ser uma ciência estagnada, na qual precisamos apenas decorar um certo vocabulário e conectá-lo de forma precária em algumas questões capengas. É claro, saber os nomes é a parte fácil da Biologia. Qualquer pessoa é capaz de conhecer nomenclatura. O que se espera de um biólogo (e o que na verdade deveria se esperar de qualquer pessoa aprovada em Biologia no Ensino Médio) é que ele seja capaz de compreender os conceitos dese campo do conhecimento e mais importante, seja capaz de conectá-los entre si e usá-los para melhor entender o mundo no qual vive. E nenhum ramo da Biologia possui um poder de unificação e de entendimento de mundo maior que a Evolução. Dito isso, essa série de postagens tem por objetivo discutir alguns conceitos da Biologia que são essenciais para o arcabouço mental de um biológo e, por que não, de qualquer Homo sapiens.
A evolução biológica é, provavelmente, o tema na ciência menos compreendido pelas pessoas em geral. Por isso, é importante definirmos o que é evolução e o mais importante – o que não é evolução. Via de regra, a ideia que as pessoas fazem da evolução biológica é uma mescla de conhecimentos atualmente aceitos, conhecimentos aceitos no passado porém derrubados e conhecimentos errôneos, pura e simplesmente.
Em termos simples, a evolução biológica pode ser descrita como mudança. De forma mais específica, uma mudança dos seres vivos no decorrer de um certo tempo. Para entendermos melhor essa definição, podemos imaginar uma espécie qualquer. Se observarmos uma população dessa espécie X hoje e voltarmos a observá-la daqui a cem gerações, os indivíduos serão iguais? A média das características na populações será igual? Se em seu raciocínio você conseguiu deduzir que a resposta a essas perguntas é negativa, então você começou a entender a evolução.
No parágrafo anterior, utilizei cem gerações como exemplo. Esse é um valor arbitrário. A mudança (ou seja a evolução) vai ocorrer não importa o número de gerações. Obviamente, quanto mais gerações se passarem, maior a quantidade de mudanças que irão se acumular, e mais diferentes serão os descendentes se comparados aos indivíduos da primeira geração. Isso por que as mudanças são, em geral, sutis. Compare com um cofrinho no qual sejam adicionadas moedas de pouco valor todo mês. Em um mês, a quantidade de moedas (bem como o valor total) é pequena. Entretanto, ao passar de um ano (12 meses se for um cofrinho da Terra), tanto a quantidade de moedas quanto o seu valor serão mais consideráveis. Da mesma forma, mudanças pequenas (as moedas) são praticamente imperceptíveis em uma única geração. Contudo, quando acumuladas por várias delas (vários meses) são mais visíveis. Esse aparente gradualismo da evolução será melhor abordado em postagens próximas.
Ao contrário do que a maior parte das pessoas supõema evolução biológica NÃO é:


Direcional: Não existe um caminho pré-determinado nas mudanças evolutivas. Usando uma metáfora famosa, se a história da vida fosse uma fita e pudéssemos rebobiná-la, e em seguida recomeçá-la, certamente o resultado seria outro, e não estaríamos mais aqui. Pessoas que creem em eScalaNatuae_Dionvolução direcional nessa caso, o fazem por acreditarem ser os humanos os ápice da evolução. O velho conceito de Scala Naturae, que remonta Aristóles, no qual os seres vivos atuais são colocados em “escadinha”, com o ser humano na ponta é a origem disso. Infelizmente vemos muitos biólogos e professores (cof cof fisiologia comparada cof cof) manterem ainda essa ideia.

Progressiva: Na visão humana, evolução quer dizer progresso. “Fulano evoluiu na empresa, melhorou de cargo”. Contudo, evolução biológica não quer dizer progresso, ao menos não no sentido humano. O que ocorre é que a seleção natural (assunto pra outra hora) tende a favorecer organismos melhor adaptados aos ambientes nos quais vivem. Contudo nem sempre essa adaptação seria aquilo que nós chamaríamos de progresso. Para citar apenas um exemplo, animais cavernícolas muitas vezes não possuem olhos, muito embora descendam de espécies que origi nalmente os possuíam. No contexto de uma caverna, não ter olhos pode ser vantajoso, então a seleção natural pode providenciar. Isso é progresso? Não no sentido humano, que é aquele que vem à mente das pessoas. Além disso, grande parte das mudanças em uma espécie são não-adaptativas (cenas dos próximos capítulos).
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Aleatória: Muitas pessoas desacreditam a evolução por crerem ser ela aleatória. De fato, alguns fatores evolutivos são aleatórios (como a mutação e a deriva genética). Contudo, outros aspectos são não-aleatórios, como a seleção natural e a migração. A soma de processos aleatórios e direcionados acaba por determinar a evolução de uma população específica.


Um processo acabado: Não custa lembrar. A evolução não é um processo pretérito, que não mais ocorre. Se temos dificuldade em percebê-lo em tempo real é em decorrência de nosso limitado tempo de vida. Ainda assim, em muitos casos somos capazes de acompanhar mudanças evolutivas drásticas em tempo real, como é o caso da resistência a antibióticos experimentadas por um grande número de bactérias e a resistência que o HIV adquire em relação à medicamentos retrovirais.


Observando de forma superficial, a evolução biológica é um processo extremamente simples, e isso não deixa de ser verdade. Afinal, podemos resumir em uma única palavra – mudança. Todavia, é muito difícil, e por vezes, praticamente impossível analisar a mudança que ocorre no pool total de características de uma espécie e como a evolução de uma espécie afeta àquelas com as quais tem relações. O que é certo é que, por trás de todo e qualquer aspecto biológico, há uma ou mais forças evolutivas agindo.
Me despeço por hoje de quem (alguém?) está por aqui, e nos próximos posts mais papo de louco de biólogo

domingo, 27 de novembro de 2011

Eu li: Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas

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Segunda-feira última recebi em casa o box com os três livros da série “Dragões de Éter”, escritos por Raphael Draccon. Há algum tempo tenho interesse em ler esses livros, em virtude disso aproveitei uma promoção do Submarino de um site da internet com nome de uma embarcação que trafega submersa e adquiri as obras. Como fazia certo tempo que não atualizava o blog, vou escrever as resenhas conforme for terminando as leituras. Por hoje, comentarei o primeiro volume: Caçadores de Bruxas.

De pronto posso dizer que Raphael Draccon escreve de forma peculiar. E esse peculiar, longe de ser depreciativo, é elogioso. Ao narrar a história do ponto de vista de um contador, um popular bardo, Raphael interage com o leitor, como se de fato estivesse conversando com ele em uma taberna qualquer. Raphael Draccon escreve de fato muito bem, poucas vezes em um livro de fantasia tive o prazer de ter uma leitura de linguagem tão fluida. Percebe-se um grande domínio de linguagem por parte do autor, bem como de um vocabulário rico. Contudo, esse recurso (interação com o leitor) pode se tornar cansativo em alguns momentos, como de fato se tornou, ao menos pra mim. Claro, isso não tira o mérito da escrita do autor.

Mas vamos ao livro em si. Caçadores tem como cenário um mundo fantástico denominado Nova Ether, isento de divindades, porém com semideuses extremamente presentes no imaginário dos habitantes. Essa presença é reforçada através das fadas, avatares encarnados dessas semidivindades. O território de Nova Ether é dividido em uma variedade de reinos, com personagens reinventados à partir de contos de fadas poupulares e outros criados com grande influência de elementos “nerds” e da cultura pop em geral. Méritos ao autor por conseguir dar credibilidade à esses personagens. As fábulas de Dragões de Éter são críveis, as personagens tem motivações que um ser humano de fato teria. Atitudes outrora ilógicas, como uma criança vagando por uma floresta desacompanhada (a criança, não a floresta) e velhas solitárias no meio do mato ganham ares muito mais razoáveis no livro.

Em resumo, eu gostei do livro de Raphael Draccon. A narrativa diferente, aliada à boa ambientação dos cenários e das histórias faz desse primeiro livro da série bastante interessante. Fico feliz por autores brasileiros estarem aos poucos conseguindo publicar livros nesse setor de fantasia.

Nota: 7

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cyano citações #4

Saudações povo.
Depois de muito tempo retomo as atividades no blog, com a promesa de manter uma rotina melhor de postagens. Hoje, retomo as cyano citações, as quais eu particularmente gosto de fazer.
Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinta de magia.                                                                          
Arthur C. Clarke
Essa frase se traduz no cotidiano como: “Que tipo de bruxaria é essa?”
Não tenho medo da morte. Estive morto por bilhões e bilhões de anos antes de meu nascimento, e isso nunca me causou qualquer inconveniência.                                    
Mark Twain
Ninguém quer morrer simplesmente porque estamos vivos. A partir do momento que estivermos mortos não nos importaremos mais com isso.
A primeira qualidade do estilo é a clareza.             
Aristóteles
Essa frase deveria ser lida por todos aqueles que se aventuram nas Ciências Humanas humanidades
Se o conhecimento traz problemas, não é a ignorância que os resolve.                                                                           
Isaac Asimov
Conhecimento nunca é demais. É melhor conhecer e padecer do que ignorar e viver tranquilo
Que porra é Justin Bieber?                                                
Ozzy Osbourne
Ozzy Osbourne, em uma frase épica. Sem comentários
Até mais mamíferos, ainda essa semana sai um post decente, prometo.