quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Eu vi: Planeta dos Macacos: a Origem

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Os últimos filmes que tive o prazer de ver e comentar aqui nesse espaço despertaram minha atenção por serem adaptações de personagens de quadrinhos,  inegáveis fontes de atenção para um nerd como eu. Tanto Thor quanto Capitão América foram boas produções, longe de serem espetaculares, mas que cumpriram bem seus papéis. Planeta dos Macacos: a Origem também despertou meu lado nerd, e eu não pude deixar de assistir.

Antes de mais nada, devo dizer que Planeta… é um bom filme. Contudo, foi uma obra que despertou em mim o biólogo chato (eu avisei no último post que isso acontecia). Vou dividir essa crítica em duas partes, na primeira vou comentar os pontos positivos do longa e na segunda, irei colocar aqueles que em minha opinião deixaram a desejar.Planeta-dos-Macacos-A-Origem

Em termos gerais, a história é bem contada e os atores não comprometem. O personagem principal é Caesar, um  chimpanzé filho de uma chimpanzé (não me diga) que sofreu experimentos com uma droga viral, o ALZ112. A droga dá a Caesar uma inteligência muito superior a de um chimpanzé, o que o torna capaz de resolver problemas extremamente complexos rapidamente. A forma com a qual Caesar lida com sua grande capacidade intelectual é emblemática. Sabe-se que chimpanzés são seres extremamente inventivos e inteligentes, capazes de, entre outras coisas, aprender formas de linguagem humanas rapidamente, através da linguagem de sinais. Chimpanzés que vivem entre humanos tendem a se considerar também humanos, não chimpanzés. O que dizer então de um animal com inteligência superior a de qualquer um de sua espécie, e mesmo a de qualquer humano? O filme acerta ao mostrar Caesar como um animal extremamente confuso, sem saber onde se insere no mundo. Além disso, a forma como ele utiliza suas capacidades é a forma com a qual eu esperaria que um chimpanzé agisse se as tivesse. Devemos lembrar que a semelhança entre as duas espécies de macaco (nós e eles) é muito grande. Caesar é feito através de computação gráfica, a partir dos movimentos de Andy Serkis, o mesmo ator que fez, entre outros papéis, King Kong na adaptação de Peter Jackson e Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis. Qualquer um que assiste o filme percebe na hora esse truque tecnológico, não por que ele seja ruim, mas sim em virtude da expressão detalhada que o ator empresta ao personagem. Grande atuação (como sempre aliás) de Serkis. A película também acerta ao demonstrar certos comportamentos que de fato eperamos ver em primatas como os antropóides, como a hierarquia social que observamos entre os chimpazés cativos no abrigo.

Entretando, o filme deu algumas pisadas na bola. Em primeiro lugar, eu desde o início questionei a decisão de criar uma “origem” para a sociedade de macacos não-humanos que observamos nos outros filmes, quando essa origem já existia. Nas histórias originais, o primeiro chimpanzé “esperto” nada mais é do que o filho de Zira e Cornelius, também chamado César, que veio ao passado com os pais. Cornelius ainda havia relatado que os macacos passaram a ser utilizados como animais de estimação após uma epidemia que havia exterminado todos os cães e gatos. Cansados de serem escravizados, os símios se rebelaram (através de um indivíduo chamado César) e reverteram a situação. Por causa dessas origens confusas a mitologia dos filmes sempre foi um enorme balaio de gatos e esse novo filme veio apenas para confundir ainda mais a história toda. Acho que a única opção que nos resta é “começar de novo”, considerar esse filme como não tendo qualquer conexão com os outros da série.

Algumas considerações de Biólogo chato podem ser feitas pra esse filme. Quando o cientista Will Rodman (James Franco) administra o medicamento experimental em seu pai, este sofre uma regeneração praticamente instantânea em seus neurônios, de um dia para outro foi “curado” do Mal de Alzheimer. Em contrapartida, seu sistema imune demora vários anos para produzir anticorpos contra os vírus do medicamento e rejeitá-los. Mas o que me entristeceu mais, muito embora eu soubesse que aconteceria, é ver Caesar falando. Podem me chamar de chato mas é simplesmente impossível para um chimpanzé, por mais inteligente que ele seja, articular palavras como nós, o seu aparato fonador é incapaz disso. E antes que me apontem, eu sei que é apenas um filme, e também sei que os macacos não-humanos da série original falavam. Mas é inevitável não gostar afinal, a proposta do filme era dar uma origem mais atual, científica para a história toda, e acabaram pisando na bola nesse sentido.

Apesar dos pontos negativos, o filme prende bem o espectador, com ação na medida certa e atuações que não comprometem. Valeu o ingresso.

Nota: 7

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