quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tópicos essenciais em Biologia #1 – Evolução #1

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Qualquer um que temerariamente se embrenha na Biologia logo percebe que estudar a vida é muito diferente daquilo que se aprende no Ensino Médio. A Biologia, como nos é apresentada nessa etapa da educação formal, aparenta ser uma ciência estagnada, na qual precisamos apenas decorar um certo vocabulário e conectá-lo de forma precária em algumas questões capengas. É claro, saber os nomes é a parte fácil da Biologia. Qualquer pessoa é capaz de conhecer nomenclatura. O que se espera de um biólogo (e o que na verdade deveria se esperar de qualquer pessoa aprovada em Biologia no Ensino Médio) é que ele seja capaz de compreender os conceitos dese campo do conhecimento e mais importante, seja capaz de conectá-los entre si e usá-los para melhor entender o mundo no qual vive. E nenhum ramo da Biologia possui um poder de unificação e de entendimento de mundo maior que a Evolução. Dito isso, essa série de postagens tem por objetivo discutir alguns conceitos da Biologia que são essenciais para o arcabouço mental de um biológo e, por que não, de qualquer Homo sapiens.
A evolução biológica é, provavelmente, o tema na ciência menos compreendido pelas pessoas em geral. Por isso, é importante definirmos o que é evolução e o mais importante – o que não é evolução. Via de regra, a ideia que as pessoas fazem da evolução biológica é uma mescla de conhecimentos atualmente aceitos, conhecimentos aceitos no passado porém derrubados e conhecimentos errôneos, pura e simplesmente.
Em termos simples, a evolução biológica pode ser descrita como mudança. De forma mais específica, uma mudança dos seres vivos no decorrer de um certo tempo. Para entendermos melhor essa definição, podemos imaginar uma espécie qualquer. Se observarmos uma população dessa espécie X hoje e voltarmos a observá-la daqui a cem gerações, os indivíduos serão iguais? A média das características na populações será igual? Se em seu raciocínio você conseguiu deduzir que a resposta a essas perguntas é negativa, então você começou a entender a evolução.
No parágrafo anterior, utilizei cem gerações como exemplo. Esse é um valor arbitrário. A mudança (ou seja a evolução) vai ocorrer não importa o número de gerações. Obviamente, quanto mais gerações se passarem, maior a quantidade de mudanças que irão se acumular, e mais diferentes serão os descendentes se comparados aos indivíduos da primeira geração. Isso por que as mudanças são, em geral, sutis. Compare com um cofrinho no qual sejam adicionadas moedas de pouco valor todo mês. Em um mês, a quantidade de moedas (bem como o valor total) é pequena. Entretanto, ao passar de um ano (12 meses se for um cofrinho da Terra), tanto a quantidade de moedas quanto o seu valor serão mais consideráveis. Da mesma forma, mudanças pequenas (as moedas) são praticamente imperceptíveis em uma única geração. Contudo, quando acumuladas por várias delas (vários meses) são mais visíveis. Esse aparente gradualismo da evolução será melhor abordado em postagens próximas.
Ao contrário do que a maior parte das pessoas supõema evolução biológica NÃO é:


Direcional: Não existe um caminho pré-determinado nas mudanças evolutivas. Usando uma metáfora famosa, se a história da vida fosse uma fita e pudéssemos rebobiná-la, e em seguida recomeçá-la, certamente o resultado seria outro, e não estaríamos mais aqui. Pessoas que creem em eScalaNatuae_Dionvolução direcional nessa caso, o fazem por acreditarem ser os humanos os ápice da evolução. O velho conceito de Scala Naturae, que remonta Aristóles, no qual os seres vivos atuais são colocados em “escadinha”, com o ser humano na ponta é a origem disso. Infelizmente vemos muitos biólogos e professores (cof cof fisiologia comparada cof cof) manterem ainda essa ideia.

Progressiva: Na visão humana, evolução quer dizer progresso. “Fulano evoluiu na empresa, melhorou de cargo”. Contudo, evolução biológica não quer dizer progresso, ao menos não no sentido humano. O que ocorre é que a seleção natural (assunto pra outra hora) tende a favorecer organismos melhor adaptados aos ambientes nos quais vivem. Contudo nem sempre essa adaptação seria aquilo que nós chamaríamos de progresso. Para citar apenas um exemplo, animais cavernícolas muitas vezes não possuem olhos, muito embora descendam de espécies que origi nalmente os possuíam. No contexto de uma caverna, não ter olhos pode ser vantajoso, então a seleção natural pode providenciar. Isso é progresso? Não no sentido humano, que é aquele que vem à mente das pessoas. Além disso, grande parte das mudanças em uma espécie são não-adaptativas (cenas dos próximos capítulos).
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Aleatória: Muitas pessoas desacreditam a evolução por crerem ser ela aleatória. De fato, alguns fatores evolutivos são aleatórios (como a mutação e a deriva genética). Contudo, outros aspectos são não-aleatórios, como a seleção natural e a migração. A soma de processos aleatórios e direcionados acaba por determinar a evolução de uma população específica.


Um processo acabado: Não custa lembrar. A evolução não é um processo pretérito, que não mais ocorre. Se temos dificuldade em percebê-lo em tempo real é em decorrência de nosso limitado tempo de vida. Ainda assim, em muitos casos somos capazes de acompanhar mudanças evolutivas drásticas em tempo real, como é o caso da resistência a antibióticos experimentadas por um grande número de bactérias e a resistência que o HIV adquire em relação à medicamentos retrovirais.


Observando de forma superficial, a evolução biológica é um processo extremamente simples, e isso não deixa de ser verdade. Afinal, podemos resumir em uma única palavra – mudança. Todavia, é muito difícil, e por vezes, praticamente impossível analisar a mudança que ocorre no pool total de características de uma espécie e como a evolução de uma espécie afeta àquelas com as quais tem relações. O que é certo é que, por trás de todo e qualquer aspecto biológico, há uma ou mais forças evolutivas agindo.
Me despeço por hoje de quem (alguém?) está por aqui, e nos próximos posts mais papo de louco de biólogo

domingo, 27 de novembro de 2011

Eu li: Dragões de Éter – Caçadores de Bruxas

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Segunda-feira última recebi em casa o box com os três livros da série “Dragões de Éter”, escritos por Raphael Draccon. Há algum tempo tenho interesse em ler esses livros, em virtude disso aproveitei uma promoção do Submarino de um site da internet com nome de uma embarcação que trafega submersa e adquiri as obras. Como fazia certo tempo que não atualizava o blog, vou escrever as resenhas conforme for terminando as leituras. Por hoje, comentarei o primeiro volume: Caçadores de Bruxas.

De pronto posso dizer que Raphael Draccon escreve de forma peculiar. E esse peculiar, longe de ser depreciativo, é elogioso. Ao narrar a história do ponto de vista de um contador, um popular bardo, Raphael interage com o leitor, como se de fato estivesse conversando com ele em uma taberna qualquer. Raphael Draccon escreve de fato muito bem, poucas vezes em um livro de fantasia tive o prazer de ter uma leitura de linguagem tão fluida. Percebe-se um grande domínio de linguagem por parte do autor, bem como de um vocabulário rico. Contudo, esse recurso (interação com o leitor) pode se tornar cansativo em alguns momentos, como de fato se tornou, ao menos pra mim. Claro, isso não tira o mérito da escrita do autor.

Mas vamos ao livro em si. Caçadores tem como cenário um mundo fantástico denominado Nova Ether, isento de divindades, porém com semideuses extremamente presentes no imaginário dos habitantes. Essa presença é reforçada através das fadas, avatares encarnados dessas semidivindades. O território de Nova Ether é dividido em uma variedade de reinos, com personagens reinventados à partir de contos de fadas poupulares e outros criados com grande influência de elementos “nerds” e da cultura pop em geral. Méritos ao autor por conseguir dar credibilidade à esses personagens. As fábulas de Dragões de Éter são críveis, as personagens tem motivações que um ser humano de fato teria. Atitudes outrora ilógicas, como uma criança vagando por uma floresta desacompanhada (a criança, não a floresta) e velhas solitárias no meio do mato ganham ares muito mais razoáveis no livro.

Em resumo, eu gostei do livro de Raphael Draccon. A narrativa diferente, aliada à boa ambientação dos cenários e das histórias faz desse primeiro livro da série bastante interessante. Fico feliz por autores brasileiros estarem aos poucos conseguindo publicar livros nesse setor de fantasia.

Nota: 7

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Cyano citações #4

Saudações povo.
Depois de muito tempo retomo as atividades no blog, com a promesa de manter uma rotina melhor de postagens. Hoje, retomo as cyano citações, as quais eu particularmente gosto de fazer.
Qualquer tecnologia suficientemente avançada é indistinta de magia.                                                                          
Arthur C. Clarke
Essa frase se traduz no cotidiano como: “Que tipo de bruxaria é essa?”
Não tenho medo da morte. Estive morto por bilhões e bilhões de anos antes de meu nascimento, e isso nunca me causou qualquer inconveniência.                                    
Mark Twain
Ninguém quer morrer simplesmente porque estamos vivos. A partir do momento que estivermos mortos não nos importaremos mais com isso.
A primeira qualidade do estilo é a clareza.             
Aristóteles
Essa frase deveria ser lida por todos aqueles que se aventuram nas Ciências Humanas humanidades
Se o conhecimento traz problemas, não é a ignorância que os resolve.                                                                           
Isaac Asimov
Conhecimento nunca é demais. É melhor conhecer e padecer do que ignorar e viver tranquilo
Que porra é Justin Bieber?                                                
Ozzy Osbourne
Ozzy Osbourne, em uma frase épica. Sem comentários
Até mais mamíferos, ainda essa semana sai um post decente, prometo.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Eu li: Filhos do Éden: Herdeiros de Atlântida

Filhos do Eden

Em seu segundo livro, Eduardo Spohr volta ao universo dos anjos, contando a história de Kaira, uma ishim (casta de anjos que controlam os elementos naturais) perdida na Terra. Dois anjos são destacados para procura-la a ao querubim que a protegia, o ofanim Levih e o querubim Urakin. Grande parte da trama se passa contando como a dupla encontra a ishim e tenta fazê-la recordar de sua condição angelical e da missão a ela delegada pelo arcanjo Gabriel. Em sua contendam contam com a ajuda do querubim exilado Denyel, que abandona as hostes de Miguel para “passar” para o lado dos rebeldes.

Herdeiros de Atlântida é o primeiro livro de uma série que segundo o autor vai mostrar a guerra civil entre os dois irmãos (Miguel e Gabriel) sob um ponto de vista diferente, o dos capitães, anjos subalternos na disputa. E de fato, Herdeiros é uma obra distinta de A Batalha, sob muitos aspectos. Nessa crítica vou me concentrar nas semelhanças e diferenças entre essas duas obras que eu pude (com minha costumeira visão questionável) observar.

Personagens: Em A Batalha temos um personagem principal que é literalmente o esteriótipo do herói (e vivam os clichês). Ablon é o cara que tem moral ilibada e resolve tudo (em geral na porrada mesmo). Já Denyel é o oposto, o clássico anti-herói. Sabe aquele cara sacana que, mesmo quando faz o que é certo, usa os meios mais socialmente escusos? Então, é ele. Essa faceta da personalidade do anjo é tão explorada que chega a irritar em alguns momentos. Provavelmente Eduardo tentou afastar ao máximo seus dois personagens, contrapondo ao máximo as personalidades de Denyel e Ablon (que por sinal faz uma ponta).

Narrativa: Muito embora seja um pouco mais linear que seu antecessor, Herdeiros recorre também a flashbacks para explicar certos pontos da trama, mas principalmente para conectá-los. A narrativa é mais fluida que em A Batalha, a leitura fica mais rápida e mais fácil de digerir (talvez até demais).

Batalhas: Em Herdeiros, as batalhas são talvez menos técnicas se comparadas às batalhas solos de Ablon, mas nem por isso menos interessantes. Elas em geral se passam com menos combatentes, não vemos grandes exércitos. A cena que mais se assemelha a uma guerra é aquela na qual Urakin e Denyel enfrentam os demônios em Athea.

Previsibilidade: Não sei se o problema é comigo, mas em certos momentos achei que o livro caiu um pouco na previsibilidade. Por exemplo, sobre a real natureza do Zablon, guarda-costas de Kaira, depois que eles o encontram, ou do papel do Arcanjo Rafael ao quase término do livro.

Referências: Um ponto bem legal do livro são as referências que o autor faz com o sua obra anterior. Talvez a mais legal seja quando os anjos estão navegando pela Via Atlântica e Denyel explica seu funcionamento comentando logo depois sobre um caminho parecido criado pelos babilônicos. É uma referência à Via Secreta, tomada por Ablon e Flor de Leste quando atravessaram o Deserto da Arábia. Outra referência bem bacana (essa não relacionada ao A Batalha) é ao folclore brasileiro. Quanto Kaira e Denyel chegam ao vértice na Amazônia se deparam com criaturas do nosso folclore, como seres semelhantes ao Curupira, com os pés voltados pra trás e tudo.

História paralela: Ao mesmo tempo que trabalha seus personagens centrais, Eduardo Spohr apresenta um outro, O Primeiro Anjo, já antevendo as continuações.

Resumindo, Herdeiros é um livro bem legal, que difere bastante de A Batalha, tanto na forma como lida com os personagens quanto no estilo. É muito mais um livro de ação, aventura do que um épico. A meu ver, Eduardo Spohr conseguiu expandir seu universo e deu mais pano de fundo pra próximos livros, ao evitar cair em uma continuação pura e simples de sua primeira obra. Aliás, para quem ainda não teve a oportunidade de ler A Batalha do Apocalipse, pode ler Herdeiros de Atlântida sem medo, são obras complementares. Resumindo, Filhos do Edén: Herdeiros de Atlântida é um bom livro, fale a leitura

Nota: 7

Para ler a resenha de A Batalha do Apocalipse clique aqui

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Eu vi: Planeta dos Macacos: a Origem

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Os últimos filmes que tive o prazer de ver e comentar aqui nesse espaço despertaram minha atenção por serem adaptações de personagens de quadrinhos,  inegáveis fontes de atenção para um nerd como eu. Tanto Thor quanto Capitão América foram boas produções, longe de serem espetaculares, mas que cumpriram bem seus papéis. Planeta dos Macacos: a Origem também despertou meu lado nerd, e eu não pude deixar de assistir.

Antes de mais nada, devo dizer que Planeta… é um bom filme. Contudo, foi uma obra que despertou em mim o biólogo chato (eu avisei no último post que isso acontecia). Vou dividir essa crítica em duas partes, na primeira vou comentar os pontos positivos do longa e na segunda, irei colocar aqueles que em minha opinião deixaram a desejar.Planeta-dos-Macacos-A-Origem

Em termos gerais, a história é bem contada e os atores não comprometem. O personagem principal é Caesar, um  chimpanzé filho de uma chimpanzé (não me diga) que sofreu experimentos com uma droga viral, o ALZ112. A droga dá a Caesar uma inteligência muito superior a de um chimpanzé, o que o torna capaz de resolver problemas extremamente complexos rapidamente. A forma com a qual Caesar lida com sua grande capacidade intelectual é emblemática. Sabe-se que chimpanzés são seres extremamente inventivos e inteligentes, capazes de, entre outras coisas, aprender formas de linguagem humanas rapidamente, através da linguagem de sinais. Chimpanzés que vivem entre humanos tendem a se considerar também humanos, não chimpanzés. O que dizer então de um animal com inteligência superior a de qualquer um de sua espécie, e mesmo a de qualquer humano? O filme acerta ao mostrar Caesar como um animal extremamente confuso, sem saber onde se insere no mundo. Além disso, a forma como ele utiliza suas capacidades é a forma com a qual eu esperaria que um chimpanzé agisse se as tivesse. Devemos lembrar que a semelhança entre as duas espécies de macaco (nós e eles) é muito grande. Caesar é feito através de computação gráfica, a partir dos movimentos de Andy Serkis, o mesmo ator que fez, entre outros papéis, King Kong na adaptação de Peter Jackson e Gollum na trilogia O Senhor dos Anéis. Qualquer um que assiste o filme percebe na hora esse truque tecnológico, não por que ele seja ruim, mas sim em virtude da expressão detalhada que o ator empresta ao personagem. Grande atuação (como sempre aliás) de Serkis. A película também acerta ao demonstrar certos comportamentos que de fato eperamos ver em primatas como os antropóides, como a hierarquia social que observamos entre os chimpazés cativos no abrigo.

Entretando, o filme deu algumas pisadas na bola. Em primeiro lugar, eu desde o início questionei a decisão de criar uma “origem” para a sociedade de macacos não-humanos que observamos nos outros filmes, quando essa origem já existia. Nas histórias originais, o primeiro chimpanzé “esperto” nada mais é do que o filho de Zira e Cornelius, também chamado César, que veio ao passado com os pais. Cornelius ainda havia relatado que os macacos passaram a ser utilizados como animais de estimação após uma epidemia que havia exterminado todos os cães e gatos. Cansados de serem escravizados, os símios se rebelaram (através de um indivíduo chamado César) e reverteram a situação. Por causa dessas origens confusas a mitologia dos filmes sempre foi um enorme balaio de gatos e esse novo filme veio apenas para confundir ainda mais a história toda. Acho que a única opção que nos resta é “começar de novo”, considerar esse filme como não tendo qualquer conexão com os outros da série.

Algumas considerações de Biólogo chato podem ser feitas pra esse filme. Quando o cientista Will Rodman (James Franco) administra o medicamento experimental em seu pai, este sofre uma regeneração praticamente instantânea em seus neurônios, de um dia para outro foi “curado” do Mal de Alzheimer. Em contrapartida, seu sistema imune demora vários anos para produzir anticorpos contra os vírus do medicamento e rejeitá-los. Mas o que me entristeceu mais, muito embora eu soubesse que aconteceria, é ver Caesar falando. Podem me chamar de chato mas é simplesmente impossível para um chimpanzé, por mais inteligente que ele seja, articular palavras como nós, o seu aparato fonador é incapaz disso. E antes que me apontem, eu sei que é apenas um filme, e também sei que os macacos não-humanos da série original falavam. Mas é inevitável não gostar afinal, a proposta do filme era dar uma origem mais atual, científica para a história toda, e acabaram pisando na bola nesse sentido.

Apesar dos pontos negativos, o filme prende bem o espectador, com ação na medida certa e atuações que não comprometem. Valeu o ingresso.

Nota: 7

sábado, 3 de setembro de 2011

3 de setembro: Dia do Biólogo

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No dia 3 de setembro do ano de 1979, João Batista de Oliveira Figueiredo assinou a lei número 6684, a qual deu origem à profissão de Biólogo e Biomédico no Brasil. Em virtude disso, esse dia (por sinal hoje) é considerado nessa nação como dia do Biólogo. Biólogos, senso estrito, são pessoas que possuem diplomas devidamente registrados de bacharéis ou licenciados em Ciências Biológicas ou História Natural, ou ainda, licenciados em Ciências com habilitação em Biologia. Entretando, ser legalmente biólogo nem sempre bate com o ser Biólogo de fato.

Ser Biólogo não é simplesmente possuir um diploma. O Biólogo transpira Biologia, a vive durante 24 horas do seu dia. É aquele camarada (ou aquela, não sou sexista) que quando olha para qualquer lugar enxerga a vida, e as implicações que ela causa. Um tijolo, não é apenas um tijolo, é um substrato, para diversas formas de vida. É um ecossistema, e um biólogo poderá ter dificuldades para desfazê-lo. Longe de ser algo idealista simplesmente, é algo natural, um Biólogo não pode evitar, é a sua visão. Um Biólogo não é aquele cara que quer abraçar uma árvore, ou sair em marcha a favor dos “pobres animaizinhos”. Qualquer um pode fazer isso. Um Biólogo é aquele que defende a vida de forma racional. Ele sabe que muitas vezes precisa coletar e tombar seres para que possa estudá-los. Sabe que muitas vezes precisa utilizar animais para seus experimentos, muitas vezes para o benefício deles próprios. O Biólogo vai buscar soluções para fazer tudo da melhor forma possível.

Biólogos podem ser encontrados literalmente “no meio do mato”, encontrandos os “bichinhos” e as “plantinhas”. Podem ser encontrados no laboratório, olhando através de uma lupa. Podem ser encontrados em uma sala de aula, lutando para ensinar sobre a vida. Podem ser encontrados em todo o lugar. Biólogos são Biólogos mesmo quando não estão trabalhando. São aqueles caras que vão te incomodar assistindo a um filme e destacando cada falha do roteiro em relação à coisas vivas (e olha que são muitos exemplos).

Enfim, eu como Biólogo diplomado (e que tenta ser um Biólogo de verdade, muito embora as vezes falhe) quero parabenizar a todos aqueles que tem orgulho de sua condição de “estudiosos da vida” e que, mesmo com a subvalorização da profissão, amam a vida e se esforçam para preservá-la

Feliz dia do Biólogo"!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Cyano News: Gripe aviária pode sofrer novo surto

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Todos se recordam na última histeria epidemia de gripe A (carinhosamente conhecida por gripe suína), que paralisou vários serviços públicos em especial aqui em Curitiba. As estimativas da mortalidade dessa doença variam bastante, de país para país e de acordo com a quantidade de pessoas infectadas que são consideradas. Contudo, as estimativas mais infladas não costumam passar de 1%, o que quer dizer que a cada cem pessoas infectadas uma morre em virtude da enfermidade. É uma cifra considerável? Talvez, mas a meu ver não justificava a histeria que víamos aqui, ainda mais quando lembramos que a mortalidade no Brasil ficou na casa do 0,015% (a mortalidade da gripe sazonal beira os 0,1%).

O que dizer então de uma moléstia que infectou 565 pessoas e ceifou a vida de 331 delas? Para quem não se recorda esses foram os números que a chamada gripe aviária colecionou em 2003. Mas por que motivo eu estou dizendo tudo isso? Sábado, o Portal Terra vinculou uma notícia na qual comentava que a ONU temia que um novo surto dessa doença ocorresse. Segundo a notícia, a área na qual existem casos dessa gripe estaria aumentando na Ásia, deixando o pessoal da FAO “com a pulga atrás da orelha.

Tanto gripe suína quanto gripe aviária são causadas por cepas do vírus influenza, H1N1 e H5N1, respectivamente. Contudo, existem diferenças importantes entre as duas enfermidades, a começar pela letalidade, sensivelmente maior na variedade transmitida pelos dinossauros alados. Além disso, a forma de contágio também difere. O principal fator que impediu que a gripe aviária se disseminasse e nos fizesse o favor de exterminar grande parte da humanidade foi que o vírus não se transmite entre macacos, apenas de ave para primata. Por esse motivo, um Homo sapiens infectado poderia espirrar sobre qualquer um e não o infectaria.

Em teoria, um porco (por exemplo) poderia se infectar pela cepa aviária da doença e por uma cepa humana, ao mesmo tempo. Dentro do artiodáctilo, as duas cepas poderiam ter seus RNA recombinados. Desta forma a habilidade que cepas sazonais tem de serem transmitidas entre humanos poderia ser incorporada no genoma da cepa aviária. Esse era o principal temor quando a gripe aviária estourou em 2006, e teoricamente isso ainda é possível, uma vez que a cepa ainda está por aí.

De qualquer forma, fica a dica, se é pra se desesperar por causa de uma gripe, que seja por causa de uma que mata quase 60% dos infectados.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Eu li: A Batalha do Apocalipse

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Recentemente tive a satisfação de adquirir uma nova obra para meu acervo, A Batalha do Apocalipse, de Eduardo Spohr. Gosto de livros ficcionais e fantásticos, e uma vez que ouvi coisas muito boas sobre esse em especial não pude deixar de conferir. E antes de mais nada posso dizer que Eduardo Spohr concebeu um ótimo livro. A Batalha do Apocalipse, longe de ser um livro com uma temática inédita, é uma obra que fala muito bem sobre um assunto que já foi extensivamente falado em outras mídias e mesmo em livros – a relação de anjos e humanos.

O personagem principal da trama, Ablon – um querubim exilado, é um herói clássico. Forte, passa por diversas situações de perigo até chegar à sua batalha final e lutar com seu verdadeiro inimigo, que acaba nem sendo Lúcifer, o Portador da Luz. A personagem feminina principal da trama, Shamira, acaba tento uma relevância muito grande, talvez até maior do que a do próprio Ablon, fugindo um pouco do esteriótipo “mocinha em perigo” costumeiro. Além disso, temos uma ampla gama de personagens secundário que são muito bem descritos. Não vemos aqueles personagens que só servem pra “tapar buraco” na história (a palavra estória é tosca e eu me recuso a utilizá-la). Praticamente todos tem uma relevância e perfis psicológicos distintos.

Um dos grandes méritos da escrita do Eduardo é que suas descrições são precisas na medida certa. A leitura das descrições dos cenários, localidades, é fluente, não chega a ser maçante. Nesse ponto, podemos fazer um contraponto (guardando as devidas proporções é claro) aos livros de Tolkien, que possuem descrições extensas, quase maçantes para a maioria dos leitores. Prefiro isso à escrita infantilizada de O Hobbit, mas a maioria dos leitores se cansa rápido. Nesse ponto, A Batalha do Apocalipse é uma boa pedida. Descreve bem e não cansa. Outro ponto forte é o roteiro. Muitos livros trazem histórias que são quase em sua plenitude, previsíveis. A Batalha do Apocalipse possui partes “previsíveis”? É claro, afinal todo roteiro tem sua evolução natural. Mas existem coisas, fragmentos de história, que repercutem em momentos mais adiantados, quando menos o leitor espera. E Eduardo Spohr faz isso muito bem.

Resumindo, A Batalha do Apocalipse é um ótimo livro, com uma história bem amarrada, um roteiro que nos surpreende, personagens bem elaborados e que prende o leitor. Leitura obrigatória para os nerds.

domingo, 14 de agosto de 2011

Eu vi: Capitão América

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Quando soube que a Marvel iria filmar Capitão América confesso que fiquei apreensivo, afinal nunca achei um personagem com um apelo popular tão grande. É claro que existem aspectos interessantes da personagem, a sua persistência e força de caráter e sua condição de deslocado em nosso tempo são alguns deles. Contudo, minha apreensão com o filme apenas cresceu quando apontaram Chris Evans como Steve Rogers/Capitão América. Afinal, Chris Evans era conhecido por fazer filmes de humor imbecis de humor e que por si só já tem cara de panaca. Evans é conhecido no meio nerd pelo papel de Tocha Humana nos dois filmes mais recentes do Quarteto Fantástico, ocasições nas quais ele interpretou bem o papel do igualmente panaca Johnny Storm. Meu medo era que Chris Evans fosse incapaz de interpretar um papel mais denso, como é o do Capitas. E posso adiantar que Chris Evans foi melhor do que eu esperava. No geral, Capitão América: O Primeiro Vingador é um bom filme. Vou listar aqui alguns pontos fortes e outros nem tanto que eu, com meu ponto de vista doentio, observei.

Pontos Fortes:

Steve Rogers

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A atuação de Chris Evans como Steve Rogers antes de transformar-se em Capitão América foi, surpreendentemente, boa. Evans personificou bem o conceito de perdedor que era Steve Rogers. Fraco, apanhava de todo mundo, mas era um cara persistente. Depois de tentar se alistar no exercíto e ir a guerra trocentas vezes, sempre sendo recusado por ser fraco, Steve foi escolhido para ser voluntário no Projeto Renascimento, que visava produzir um exército de super soldados. Rogers foi escolhido exatamente por sua força de caráter.

História bem amarrada

O roteiro de Capitão América é bem amarrado, à semelhança de Thor. Apesar do ritmo ser um pouco corrido (o que é compreensível, dada a quantidade de tempo que se passou), não vemos furos na história. Mesmo quem não conhece a mitologia do personagem consegue compreender a história.

Boa ambientação

Algo que eu achei interessante nessa película foi a ambientação da segunda guerra. Desde vestuário até os aparelhos tecnológicos (mostradores digitais pra que?), tudo remete a algo antiquado.

Universo Marvel

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Desde os filmes do Homem de Ferro, a Marvel vem tentando unificar o seu universo cinemátográfico. No Filme do Bandeiroso vemos muito disso. Além da cena final e da cena pós-créditos que estão aí exatamente pra isso, vemos conexão com o Filme do Thor, através do Cubo Cósmico.

Pontos Fracos

Filme de Guerra?

Quem esperava cenas de guerra no filme do Capitão se decepcionou. Praticamente não existem cenas de guerra, toda a ação que o Capitão toma na linha de frente acaba sendo ou suprimida ou muito resumida. Mesmo as cenas de ação decepcionam um pouco, um Capitão América meio burocrático lutando.

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Personagens mal aproveitados

Alguns personagens não são aproveitados na trama como poderiam. O Comando Selvagem por exemplo. Não se fala muito sobre suas qualidades, quem eles são. Quem assiste o filme tem a impressão que eles são apenas “os carinhas que foram salvos”.

Resumindo, Capitão América é um bom filme? Sim, mas não é um filme espetacular. Digamos que é um filme padrão Marvel, bem executado. Beira a média, sem atuções excepcionais, nem grandes diálogos, porém não compromete. Creio que seja uma boa introdução aos Vingadores, para ano que vem,

Nota: 7

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Jornalismo Científico e os erros bisonhos

Um dos mais importantes aspectos da ciência é a sua divulgação para o público. Não há sentido em produzir conhecimento e mantê-lo restrito à academia, faz-se necessário revertê-lo à sociedade, tanto na forma de aplicações práticas quanto na de divulgação. As pessoas precisam conhecer as coisas que são descobertas a cada instante, precisam despertar em si mesmas o fascínio que a ciência provoca. Contudo, todos sabemos que jornalistas possuem conhecimento bastante limitado sobre ciência e tecnologia, sendo comum lermos notas, chamadas e matérias inteiras totalmente absurdas. Isso é triste por vários motivos, talvez principalmente por educar a população de forma equivocada, fazendo com que tenham ideias erradas sobre diversos pontos.

Navegando em alguns sítios de notícia hoje, me deparei com duas chamadas na área de ciência que me chamaram a atenção, a primeira com os seguintes dizeres: “Estudo diz que répteis podem ser espertos. Largartosconseguiu (estava escrito assim junto mesmo) resolver problemas.”. Fiquei pensando, primeiro no que que o camarada que escreveu isso considera como “esperto”. Depois fiquei imaginando um professor ensinando:

Uma das características dos répteis é sua falta de esperteza…”

A impressão que se tem lendo essa chamada é que se achava que répteis são seres incapazes de resolver problemas, quando sabe-se muito bem que a história é um pouco diferente. Se não pudesse resolver problemas do cotidiano, um lagarto, uma serpente, ou qualquer outro réptil estaria fadado a extinção, e tudo isso requer sim inteligência. Eu nem mesmo irei entrar no mérito de aves serem répteis e isso ser esquecido na matéria do contrário eu estaria sendo muito exigente com o rapaz que a escreveu (ou moça, que ninguém me acuse de sexismo).

A segunda chamada me causou um misto de riso e de tristeza: “Mandíbula não extinguiu peixes invertebrados. Evolução da espécie intriga cientistas.” Na hora tive que rir. O problema nem é tanto esse, mas imaginei como uma mandíbula poderia extinguir espécies. A não ser que seja o antigo inimigo do He-Man, 1 mandibula não vejo como é possível. Mas o triste é ler “peixes invertebrados”, o que seriam tais seres? Ostracodermes, que são os animais aos quais a matéria se refere, de fato não possuiam mandíbula, contudo tinham vértebras. Os únicos seres invertebrados que poderiam ser confundidos com peixes são as feiticeiras, ou peixes-bruxa, que ironicamente são seres atuais, não estão extintos.

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Pensando bem, o Mandíbula nunca poderia derrotar a Feiticeira mesmo…

KODAK UNGO 2

links para as notícias:

http://g1.globo.com/natureza/noticia/2011/07/estudo-afirma-que-inteligencia-de-repteis-pode-nao-ser-tao-limitada.html

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2011/07/estudo-de-mandibula-de-peixes-traz-nova-visao-sobre-extincao-de-grupo.html

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Sexta Rock #29. Rock’n’roll tupiniquim "#1. Raul Seixas

Inicio aqui uma série de postagens sobre o rock’n’roll brasileiro. Porém, ao invés de me ater a bandas, quero falar sobre pessoas, artistas que contribuíram para a popularização e desenvolvimento desse gênero musical em terras brasileiras. Quem foram as pessoas que fizeram as melhores canções e melhores albuns? Quais continuam ativas ou não? Tudo isso analizado sob a minha óptica doentia e distorcida.

O primeiro da lista não poderia ser outra pessoa senão o grande Raul Seixas. Alguns podem torcer o nariz (mimimi e a Jovem Guarda, o rock brasileiro não começou lá?). Não podemos desmerecer o valor da música da Jovem Guarda (apesar de ser em grande parte cópia releituras de músicas estrangeiras), tanto que eu até fiz uma postagem sobre a época. Contudo, Raul não é chamado de Pai do Rock Brasileiro por acaso. Foi ele um dos primeiros a trabalhar com o gênero de forma original, inclusive inserindo elementos próprios da nossa herança musical.

Raul Santos Seixas nasceu em Salvador, dia 28 de junho do ano de 1945. Estudante medíocre, possuia grande interesse por música (em especial ao crescente cenário do rock que ia surgindo) por livros e por filosofia, Trabalhava muito bem com as palavas, não apenas na composição musical, mas também criando histórias. Depois de fracassar em seus primeiros passos como músico, Raulzito passou a trabalhar como produtor musical, chegando inclusive a produzir grandes artistas da época. Suas canções foram gravadas por artista de sucesso, como Jerry Adriani.

Seu primeiro albúm de sucesso seria Krig-ha Bandolo! de 1973, que dentre outras canções, trazia Ouro de Tolo e Metamorfose Ambulante. No decorrer de uma carreira de mais de 26 anos, Raul emplacou diversos álbuns e canções clássicas, como o disco Gita de 1974 que vendeu 600000 cópias e cultivou diversas parcerias de sucesso com outros músicos e pseudoescritores escritores, como Marcelo Nova e Paulo Coelho.

No dia 21 de agosto de 1989, Raul Seixas morreu em virtude de uma pancreatite aguda, causada tanto pelo seu alcoolismo quanto pela diabetes. Deixou como legado uma grande produção musical, um rock com a cara do Brasil, não simplesmente uma cópia do que se ouve lá fora. Ainda hoje vemos e ouvimos discos lançados dele, tanto inéditos como coletâneas.

Diversas homenagens a Raulzito já foram feitas, porém, para um músico, não existe homenagem melhor do que aquele “toca Raul” que podemos ouvir em qualquer bar desse país.

OBS: Se você tem menos de quinze anos e é fã de Restart saia do meu blog, preste muita atenção, vai ouvir o que é rock de verdade.

1. Maluco Beleza (Raul Seixas/Claudio Roberto)

Canção que provavelmente mais remete a Raul Seixas e seu estilo próprio. Provavelmente a maioria das pessoas pensam nessa música quando pensam em Raulzito. Foi originalmente gravada no album “O Dia em que a Terra Parou”

2. Mosca na Sopa (Raul Seixas)

Misturando elementos e instrumentos típicos brasileiros, Raul conseguiu criar uma música com sonoridade ímpar. Lançada no album Krig-ha Bandolo! é uma de suas canções mais conhecidas.

3. Tente Outra Vez (Raul Seixas/Paulo Coelho/Marcelo Motta)

Outra música emblemática do Raul. Uma grande ode a perseverança. Canção curta, mas que sempre é lembrada.

4. Medo da Chuva (Raul Seixas/Paulo Coelho)

Talvez essa não seja uma canção tão conhecida, mas é uma das minhas prevferidas. Lançada no album Gita, o mais vendido da carreira de Raul, tem uma letra que faz a gente pensar.

5. Pastor João e a Igreja Invisível (Raul Seixas/Marcelo Nova)

Pastor João e a Igreja Invisível é uma música que (como muitas do Raul) é atual ainda hoje. Em tempos que a religião é fonte de enriquecimento para alguns e empobrecimento e alienação para a maioria, Marcelo Nova e Raulzito imortalizam o cenário em uma canção.

Por ´hoje é só primatas

Que o satélite lhe seja leve!

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Sexta Rock #28 Acústicos

Sempre gostei de versões acústicas de muitas músicas. Acredito que a sonoridade nesses casos seja menos rígida, deixa a música mais solta. Exatamente por isso, achei que já era hora de dedicar uma postagem a esse tipo de música e pra isso selecionei algumas canções que eu gosto na versão acústica. Isso não quer dizer que não aprecio as versões originais, apenas que gosto também de acalmar os ouvidos em certos momentos.

1. Eagles – Hotel California

Algumas bandas produzem músicas tão boas que acabam sendo marcadas para toda a posteridade por elas. Eagles e Hotel California talvez sejam um dos maiores exemplos disso. A letra completamente absurda aliada a beleza dos arranjos dessa versão tornam a música irresistível.

2. Scorpions – Wind of Change

Scorpions talvez seja uma das melhores bandas que eu ouço muito pouco. Acho que todo mundo tem uma ou duas nessa situação. Apesar disso, ocupando uma honrosa posicão nesse post vamos de Wind of Change

3. Aerosmith – Toys in the Attic

Gosto das canções mais antigas do Aerosmith, e gosto basante dessa. A versão acústica não perdeu o ritmo característico da original.

4. Bon Jovi – Livin’ On a Prayer

Os deuses do rock sabem que eu não sou exatamente fã do Bon Jovi. Contudo não nego que muitas músicas da banda são bem legais, como Livin’ On a Prayer.

5. Engenheiros do Hawaii – Mapas do Acaso

Nos idos de 1993 (muito antes do formato acústico virar moda no Brasil) Os Engenheiros do Hawaii lançaram uma album chamado Filmes de Guerra, Canções de Amor, em formato semi-acústico. Mapas do Acaso foi a primeira canção do disco e na minha humilde opinião, um dos pontos mais altos da trajetória da banda.

Pois bem primatas, por hoje é só

Que o satélite lhe seja leve!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre declínio educacional ou “Qual a função da escola afinal?”

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É público e notório que não existe educação no Brasil. Enquanto as crianças e jovens dessa nação estudam em escolas precárias, com professores mal pagos e em grande parte mal preparados, vemos o nosso querido e amado Ministério da Educação anunciando aos quatro cantos que o Brasil está aumentando seu Ideb. Talvez eu seja muito crítico, mas a meu ver a educação em terras tupiniquins vai de mal a pior, a despeito de termos um Ideb 4,6 ou um milhão. Devemos essa situação crítica a ideias “brilhantes” como a da aprovação automática e mais recentemente a de distribuir livros didáticos que incentivam e até exaltam a fala errada.

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Não é minha intenção colocar panos quentes na situação. A função da escola e do ensino da língua portuguesa na mesma é o ensino da norma culta e ponto final. Quando se coloca um filho no ensino regular espera-se que ele possa aprender o melhor uso da língua, aumentar sua cultura afim de poder se expressar melhor, e outras palavras, que ele se prepare melhor para a vida como um todo. É evidente que todos nós sabemos que a forma com a qual falamos é diferente daquela com a qual escrevemos. Regionalismos, gírias, vícios de linguagem, tudo isso contribui para modificar nossa fala, frequentemente distanciando-a da norma culta escrita. É função da escola instruir os alunos e ajudá-los a diminuir essa distância, tornando-os mais aptos a se comunicarem. É óbvio que nossa fala varia conforme o contexto de nossa conversa, e é importante que essas diferenças sejam abordadas na sala de aula. Contudo, deve-se estimular os alunos a expressarem-se de forma mais próxima ao cânone atual de nossa língua. Expressões como “Nós pegamo os livro” estão erradas sim, não importa quanto pedagogês usemos.

Mas os alunos que falarem assim vão sofrer “preconceito linguístico” mimimimi…”

A questão não é condenar essa fala, mesmo por que coloquialmente ela é perfeitamente entendível. Mas a escola deveria se esforçar para ensinar corretamente o aluno, de forma que o mesmo pudesse se aproximar mais da forma adequada. A compreensão não seria prejudicada, muito pelo contrário. Além disso, uma linguagem mais acurada facilita muito a vida de qualquer um. Tente falar assim em uma entrevista de emprego e suas chances de conseguir a vaga irão cair vertiginosamente. Isso é “preconceito linguístico”? Alguns podem achar que sim, porém a forma que alguém fala é reflexo de seu nível de instrução, e ninguém é acusado de preconceito por contratar alguém com ensino médio em detrimento de outro com ensino fundamental incompleto. A solução não é nivelar por baixo e dizer que vale tudo na língua portuguesa, e sim melhorar o nível das aulas, capacitar melhor os professores e valorizá-los mais, para que possamos nivelar por cima.

Mas mimimi você também fala e escreve errado mimimi…”

É claro que eu cometo erros de português, e como professor, é provável que esses erros sejam ainda mais graves. Entretanto, como já diria o velho ditado, um erro não justica o outro. Sempre temos que tantar acertar.

Mimimi língua viva mimimi”

Todos os idiomas do mundo estão em transformação, e isso é inevitável. No futuro falares e escreveremos de forma diferente do que fazemos hoje, isso é um fato. Porém essas mudanças são organizadas, não é um balaio de gatos.

Depois quando vemos notícias como a de que apenas 25% dos alunos de ensino fundamental aprendem o que deviam da língua portuguesa as pessoas ficam horrorizadas.

Fico imaginando se essa moda pega e passa a figurar nos livros didáticos de outras disciplinas.

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Na Biologia:

É correto dizer que a Evolução é só mais uma teoria e que deveríamos ensinar o design inteligente? É claro que é, mas você pode sofrer preconceito evolutivo.”

Na Física:

É correto dizer “Eu peso 50 quilos”? Claro que é, mas você pode sofrer preconceito newtoniano.”

Na Geografia

É correto dizer que o clima de Curitiba varia muito? Sim, mas você pode sofrer preconceito meteorológico.”

Brincadeiras à parte, eu não me supreenderia se visse coisas assim em livros didáticos. O que mais me espanta é ver pessoas da área defendendo isso, mas vá saber. Talvez eu esteja errado e deva passar a ensinar fixismo ou geração espontânea em minhas aula.

Pessoas, despeço-me antes que minha fala fique mais incisiva do que já está.

Saudações!

sábado, 14 de maio de 2011

Sexta Rock #27 Especial dia das mães

Ontem foi um dia um pouco atribulado para mim e, longe de querer transformar esse blog em um diário de minhas atividades, gostaria de partilhar um pouco dos acontecimentos. Além de todas as atribulações que venho tendo nas últimas semanas, em especial nessa, minha mãe sofreu uma queda e teve uma pequena fratura na televisão no rádio. Eu como filho prstativo que sou a levei ao pronto-socorro e depois de quatro horas saímos, eu alguns gramas mais leve em virtude do jejum de 12 horas, ela com algumas gramas a mais relativas ao gesso. Tirando aborrecimentos extras (como certas ligações de pessoas que não se importam se você está no hospital e poderia estar internado e sem as duas pernas) o processo todo foi tranquilo. Tá mas e o que tem a ver o cu com as calças isso com um post que deveria ser musical? Na verdade eu só queria poder dividir meus problemas com meus amiguinhos Eu pretendia fazer um Sexta Rock em homenagem ao dia das mães, passado no domingo último. Mas Odin é um deus irônico e quis ele que eu não pudesse publicá-lo na sexta em virtude de um acidente com minha própria genitora. Contudo, sou um ser persistente e cumprirei minha meta, muito embora seja no sábado.

Mães, o que falar sobre elas? Fácil, ouça rock. Muitas canções prestam bons tributos às mães, como veremos a seguir. Enjoy!

1. Roger Waters – Mother

Roger Waters é um dos caras que obteve mais sucesso em carreira solo que eu conheço. Sempre com albuns e shows de extrema qualidade. Nesse vídeo, escolhi uma música do Pink Floyd que Waters tocou em um dos melhores shows que já tive o prazer de ver (obviamente eu vi apenas em dvd). Detalhe pra voz maravilhosa de Katie Kisoon.

2. Angra – Mama

Eu sei que já coloquei essa música aqui, mas ela é perfeita (nota mental: perfeição é um conceito platônico – deletar do HD e apagar as dlls) pra esse momento. Assim como a canção anterior, trata de um filho com muitas angústias e que precisa da mãe (por que será que isso é tão recorrente?). Eu gosto do Genesis, mas convenhamos, a versão do Angra é bem mais interessante.

3. Ozzy Osbourne – Mama I’m coming home

Essa música não fala tanto das mães mas sim do cara que quebrou a cara com a mulher (por que será que sinto certa identificação?) e esta voltando pra casa da mãe. Claro, é uma metáfora, sobre o fim de um relacionamento e e como isso afeta um homem. Foda-se é rock’n’roll e é Ozzy!

4. Engenheiros do Hawaii – Terra de Gigantes

Não poderia deixar de citar uma banda nacional aqui. Como de praxe, lhes darei mais uma dose de Engenheiros do Hawaii, com a excelente Terra de Gigantes. Versão do CD ao vivo, 10000 Destinos

Por hoje é só pessoas!

Que o satélite lhes seja leve!

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Eu vi: Thor

thor-movie-poster-1-1 Assisti na última quinta-feira Thor, filme que conta a história do Deus nórdico do trovão, personagem clássico da Marvel. Eu, como bom nerd que sou, acompanhei o filme com uma visão já preconcebida do personagem, e posso afirmar: Thor é um filme foda.  Pretendo nessa pequena crítica abordar um pouco dos pontos que, a meu ver, são pontos fortes e fracos.

Pontos forte

História simples:

A história do filme é simples. Thor, new_thor[2] príncipe de Asgard, filho primogênito de Odin, deus do trovão. Ser tudo isso deixou o rapaz um pouco arrogante e cheio de si. Para ensiná-lo a ser mais humilde, Odin – Pai de todos o bane para a Terra.  O roteiro fica na medida, nada tão complexo que pessoas que não conhecem o personagem deixem de entender e nem muito raso.

Boas atuações:

Praticamente todos os atores e atrizes tem boas atuações, méritos do bom diretor Kenneth Branagh. Anthony Hopkins é Odin, o papel lhe cai perfeitamente. Tom Hiddleston, além de ser muito parecido fisicamente com Loki, o interpreta muito bem, a gente chega até a simpatizar com ele, como convém ao deus da trapaça. Jaimie Alexander como Lady Sif, maravilhosa (eu casava com essa mulher).

JaimieAlexander-LadySif

Cenas de ação na medida certa:

Quem não está habituado com o Universo Marvel, imagesCALKYIXT não conhece o nível de poder do Thor. É difícil encontrar outro personagem que posso fazer frente a ele, e é mais ou menos isso que observamos no filme. Enquanto os guerreiros de Asgard suavam para derrotar os gigantes de gelo e sofriam para sobreviver ante ao Destruidor,  o deus do trovão acabou facilmente com todos os gigantes destruindo todo o local inclusive e destrói totalmente o Destruidor. Thor destrói a bifrost! O cara é foda.

Asgard:

Asgard, lar dos deuses nórdicos está muito bem representada. Os efeitos digitais estão bons, o figurino na medida certa. A Ponte-do-Arco-Íris ficou muito boa, sem parecer um monumento ao orgulho gay (nada contra). Quisera Odin que o filme todo se passasse lá.

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Referências nerds:

Referências nerds são praticamente obrigatórias em um filme de quadrinhos. E no filme do Thor temos algumas bastante interessantes. Sem sombra de dúvidas, a mais interessante é a presença de Clint Barton, o Gavião Arqueiro, muito embora sua participação seja mínima. As referências ao Doutor Bruce Banner e a Donald Blake também são bem interessantes. Mas foi a cena pós-créditos (aquela que só nerds de verdade esperam pra ver) que foi a referência-mor. Não vou contar qual foi e obrigar as duas pessoas que lerem esse post a esperar no cinema até o fim dos créditos.

Pontos Fracos

Ritmo meio corrido:

Em alguns momentos o ritmo da história pareceu meio corrido. A conversão de Thor de um enorme babaca para um príncipe compassivo foi extremamente rápida. Não sei até que ponto isso é justifícavel pelo remorso dele pela perda do pai.

Falta de um desafio maior:

Thor é extremamente poderoso, eu já disse isso. Por esse motivo, é muito difícil encontrar um vilão que represente de fato um desafio a ele. (Surtur quem sabe)

Ausência de alguns personagens

Alguns personagens de Asgard deveriam ou poderiam estar presentes na película. O mais importante com certeza é Balder, 504866-balder atual governante de Asgard no quadrinhos e um personagem muito foda. Também gostaria de ter visto Encantor, mesmo que fosse apenas uma referência, sendo ela uma das mais antigas vilãs do personagem.

Em resumo, Thor é um ótimo filme, com uma história redonda e que cumpre bem seu papel. Uma boa introdução da Marvel ao vindouro filme dos Vingadores.

Nota: 8,5

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Sobre a Lua, cortes de cabelo e ingenuidade II

E depois de um grande hiato nas postagens (culpa de minha vida atribulada) retorno com minhas divagações acerca da gravidade. Como discutimos anteriormente, Newton newtons lançou os alicerces do nosso entendimento sobre o tema, mas ainda faltava entender o que de fato era essa força chamada gravidade. Afinal, parece algo impalpável, quase místico, uma força invisível que permitia aos corpos atraírem uns aos outros. Coube a um modesto funcionário público de segundo escalão chamado Albert Einstein jogar um pouco de luz na questão.Einstein

Como qualquer um sabe hoje em dia (ou pelo menos deveria) vivemos em um universo tetradimensional. Além das tradicionais dimensões espaciais (comprimento, largura e altura), temos o tempo, formando o assim chamado espaço-tempo. Foi Einstein quem postulou que os corpos deformam esse espaço-tempo. Podemos visualizar isso de forma bastante simples se imaginarmos uma folha de cartolina totalmente estirada. Ao colocarmos uma bola de borracha (ou um objeto qualquer) no centro dessa folha ela se deformará. images Todos os corpos de nosso universo agem dessa maneira, e essa deformidade no espaço é que causa a gravidade. De forma lógica, corpos mais massivos deformam mais o espaço e possuem maior gravidade. Da mesma forma,  quanto mais próximos dois corpos se encontram, maior a deformidade que causam um ao outro. Sendo uma propriedade do espaço-tempo, a gravidade acaba influenciando qualquer corpo que tenha massa, mesmo que desprezível. Dessa forma, nem mesmo a luz pode escapar de sua influência, como Einsten bem demonstrou.

Nos próximos capítulos (sim, eu estou com preguiça de terminar tudo agora) calcularemos a força gravitacional entr diverosos corpos e entenderemos melhor a forma com a qual a Lua interage (ou não) com nossas vidas.

Até a próxima!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Sexta Rock #26 - Como estragar Led Zeppelin

O Rock'n'Roll é mesmo um estilo musical fantástico. Tão fantástico que as vezes acaba atraindo versões de suas músicas que não deveria, versões que acabam, quando ouvidas, povoando nossos pesadelos. Esse cover que hoje trago é talvez o maior exemplo disso. Imagine uma música de uma banda chamada Led Zeppelin, uma música que mistura elementos de rock com Reggae, criando uma sonoridade legal. Agora imagine que você é uma cantora de um "gênero musical" chamado axé e decide regravar essa música da forma mais precária possível, e esse será o resultado:



Tirando o vocal sofrível, eu até agora não entendi quem é o sujeito que em alguns momentos balbucia ao fundo da música, nem mesmo porque motivo ele faz isso. Como se não bastasse ainda emendam uma música ridícula logo depois...

Mas para não traumatizar meus leitores, veja a original e infinitamente superior versão: